quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020



Resultado de imagem para olhar no espelho



Por que Auto Estima é bom?

Jesus ao ser interrogado por seus discípulos sobre um resumo de seus mandamentos, mandou essa;
“Amarás teu Deus de todo coração, de toda a tua alma, e de todo teu entendimento” Esse é o maior e o primeiro mandamento, disse o mestre.
O segundo, disse ele; “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”


Você que já ouviu tantas vezes sobre esse tema, que o encontrou em livros, artigos, podcasts, etc... Sabe porquê da busca?
Eu te respondo:
Auto estima ou auto amor, ou o antigo amor próprio é bom porque se eu gostar (mesmo) de mim, vou me apoiar, me respeitar, me considerar, cuidar de mim com zelo e carinho, e desta forma,  não vou precisar do amor do outro, não vou mais me submeter as suas opiniões, suas vontades, críticas, elogios, subornos...
Serei livre, até para amar (mesmo)  o outro; sem joguinhos neuróticos, chantagenzinhas bobas, sem me fazer de coitadinho.
Se eu gostar mesmo de mim, vou me aceitar como sou, e ser minha companhia constante.
Se eu gostar mesmo de mim, não mais me constrangerei, me submeterei em busca de consideração, apoio, simpatia, chancela  de ninguém.
Serei livre!
Livre; sem prisões, sem algemas, sem me tornar refén de nada ou ninguém.
Claro que apreciarei a atenção alheia, o apoio recebido. Ficarei contente com elogios, com a aprovação, e chancelas. Mas não mais refén disso tudo.. Não mais dependente.
Terei então conquistado a Liberdade verdadeira e não a sensação de liberdade que se busca em esportes arriscados, sexo arriscado, alcool, drogas e tantas outras situações de risco.
Essa Liberdade me proporciona a oportunidade de trilhar meu caminho e da busca do autoconhecimento.
Mas, por incrível que pareça, não é fácil amar-se.
A  sociedade, a cultura, a mídia, a família, a escola...nos ensinou o amor neurótico; que deveríamos amar ao próximo, respeitá-lo, fazer todas as suas vontades e caprichos, pois dessa forma, ele, o próximo nos retribuiria com igual comportamento.
Mas não foi isso que encontramos.
E numa época de desconstrução de conceitos equivocados, passou da hora de resgatarmos o mandamento do mestre.
Amemo-nos.
Libertemo-nos do jugo da apreciação do outro.
Que o Amor nos liberte, e que esse amor seja em primeiro lugar pra nós, pois isso não é egoísmo, é mandamento.



domingo, 2 de abril de 2017


                          Ser sujeito ou ser objeto




Nos foi ensinado ao longo do tempo, e essa ideia ainda persiste, que somos resultado.
Resultado da genética mais o meio em que fomos criados e vivemos.
É claro que a genética nos influencia e influenciou. Da mesma forma que o nosso entorno.
Nossa educação, os valores e princípios que nos foram passados, toda construção social em nosso entorno, tudo isso nos movimenta, nos alicerça e nos constrói.
Mas não somos apenas resultado disso.
Fazendo uma analogia com o tricotar, é como se a uma das agulhas correspondesse à genética e a outra, às circunstâncias que nos abrigam.
Mas e quem tricota?
Quem tricota é definitivo.
José Ortega Y Gasset disse que o homem é si mesmo e suas circunstâncias. Na verdade, sua frase é: “Eu sou eu e a minha circunstância e, se não a salvo, não salvo a mim mesmo”.
“Salvar as circunstâncias” tem a ver com interagir no mundo e deixar um legado. E, visto que as circunstâncias me constroem, ao construí-las, ou reconstruí-las, reconstruo a mim mesmo.
Com base nessa ideia, os indivíduos precisam se relacionar, pois se relacionar é estar presente às circunstâncias e ao entorno que nos circunda.

As circunstâncias são distintas do indivíduo, mas o constroem e, portanto, ele é responsável por alterá-la.
Mas Ortega não esquece o “si mesmo”. Ele reconhece a importância de quem tricota.
Um outro filósofo contemporâneo, mais conhecido, Sartre, dizia: “Não é o que a vida faz conosco, mas sim o que fazemos com o que a vida fez conosco”.
Ao viver dessa maneira, segundo sugerem os filósofos, há a possibilidade da retomada do nosso poder, mas, se eu acreditar que sou um simples resultado, nada mais me resta que lamentar meu triste destino e as circunstâncias que me criaram.
publicado no site
 www.eusemfronteiras.com.br

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

                                                                   MEIO COPO

                                       



  Muito tem me incomodado a leitura que virou senso comum do copo meio cheio/meio vazio.
Nessa leitura, os otimistas ficam com a percepção de que o copo está metade cheio, sobrando a perspectiva do copo metade vazio aos pessimistas.
Creio que é bom ser otimista quando se inicia um projeto, qualquer que seja, pois na minha visão, ser otimista é acreditar que vai dar certo, e como vou iniciar um projeto acreditando em seu fracasso?
Enquanto que ser pessimista é acreditar que tudo dá errado.
Eu tenho outra percepção do copo, da vida, do que seja ser otimista, pessimista ou realista, e sempre opto pela última perspectiva; aceitar o que é real.
Quando acredito que tudo vai dar certo, ignorando possibilidades do contrário, isso faz com que eu fuja da realidade para um sonho/ilusão, porque acreditar que tudo vai dar certo é uma ilusão. Da mesma forma que acreditar que tudo vai fracassar.
O realista (e agora já nem sei se sou realista, se é assim que se nomina o que eu sou), procura ver o real, o fato.
Eu procuro ver que tudo está certo.
Que há uma força cósmica que nos tirou do caos e nos colocou no cosmos, e que essa força que a tudo rege, é uma força de Bem.
Então quando vejo um copo pela metade, com qualquer líquido que seja: doce, amargo, azedo ou neutro, procuro me fixar apenas nisso; meio copo.
Porque se o líquido for amargo, só me restará mais metade, e se tiver sido doce, ainda tem metade para eu sorver.
Ou seja, quando vejo um copo pela metade, procuro apenas ver um copo e nada mais.
Nos ensinaram que é como vemos e percebemos a vida que nos fará bem ou não. Concordo.
Mas não creio que isso tenha a ver com pessimismo ou otimismo.
Creio que tem a ver com o É!
É um copo. Apenas isso. 
Lide com seu copo. 
Sorva a vida!
E se o líquido for amargo, experimente o amargo, deve te servir pra algo.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Dor

                                                 


     

É um privilégio ser psicoterapeuta! Nos deparamos com histórias humanas de muitos teores e cores. Separações bem vindas, outra nem tanto. Crescimento, saídas, soluções, convivência pacífica com problemas e dor. Dores de todos os quilates. E nós, desse lado da cadeira, também aprendemos que dor cura, que dá sentido, que enobrece, torna humilde, retempera.
Mas dia desses, ouvi uma história, longe do setting terapêutico.
Uma história de dor! E quero aqui dividir, porque não entendi.
É a história da Berê!

Berê nem nasceu; foi cuspida!
Não foi aguardada, amada, bem recebida.
Não teve enxovalzinho, nem padrinho, nem festinha...
Carinho? rs Tá de brincadeira?
Pois então, nasceu essa menina. Triste sorte ser menina.
Pais alcólatras; ambos!
Berê apanhou!
Apanhou porque era menina e porque não era.
Apanhou porque fazia e porque deixava de fazer.
Apanhava quando as notas eram baixas, mas quando eram altas também.
Apanhava se chorava, ou se ria, ou se se encolhia num canto.
Apanhava!
Apanhava!
Era sua obrigação buscar cachaça no boteco para os pais. E fiado.
Pequenina ainda. Pequenina mesmo; 4 aninhos. Isso é o que ela lembra.

Certa vez, disse um não quando a mãe lhe obrigou a ir ao boteco do vilarejo afastado de uma cidadezinha afastada de um Nordeste afastado.
E disse não, porque não gostava do que os homens que frequentavam o boteco lhe diziam e faziam.
E correu.
Maldita a hora!
O pai vinha chegando, e ouviu os gritos da mãe;
 – “Pega essa cachorra que disse que não vai buscar açúcar pra nóis!”
Era assim que chamavam a cachaça, e era assim que chamavam a menina.
E o pai pegou a cachorra. E o pai estava com a “cachorra” naquele dia.
E bateu!
Bateu!
Bateu muito! Mais que sempre!
E Berê fugiu.
Foi parar na casa de uma prima.
Casa?
Prostíbulo.
Mas ela veio a saber o nome bem depois. O nome, porque a função ela descobriu logo.
Escondeu-se debaixo da cama da prima o quanto deu, mas não deu sempre.

Esse pedaço vou pular.

Aos 12 anos cansou.
Fugiu de novo.
Foi pega pela polícia que em vista do seu estado a levou ao hospital.
Seu anus estava praticamente pra fora, e precisava ser operada.
Levada ao hospital, o ambiente a assustou e
Com medo fugiu de novo.
Lembra-se de ficar horas no meio do mato em elocubrações.
Sabia que se alguém viesse pra cima dela de novo iria matar, mas ao mesmo tempo pensava;
"Eu não quero matar. Não sou disso! Vou viver no mato! Se os macacos vivem, eu vou conseguir também".
Ela crê que tenha ficado ali umas 6 horas.

Morou na favela, morou no mato, morou no inferno.
Foi casada, descasada, casou-se novamente.
 Só estrupícios. Só abusadores, bêbados, cafajestes, gigolôs...

Vou pular de novo.

Sobreviveu.

Hoje costura pra fora, porque por dentro está toda remendada.
É  mãe carinhosa, não bebe, não fuma, não trafica ( embora pudesse ter sido doutorada na prática).
Trabalha!
Muito!
E me contou sua história.
E essa dor eu não entendo.
É muita dor. 
E Berê é doce. Diz que sempre foi.
Que quando assiste os programas do Animal Planet, sente que é uma girafa, que quando o leão resolve atacar, não há escapatória.

Muita dor!
Não entendo.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Envelhecer




Envelhecer é natural.

E para envelhecer bem, é preciso algumas coisinhas;
Prestar atenção é uma das mais importantes.

Prestar atenção ao atravessar à rua!
Fundamental;

Às coisas importantes que se ouve porque são poucas as coisas que realmente valem ser ouvidas e guardadas. E se não prestamos atenção perdemos.
Porque perdemos muitas coisas;
Perdemos as chaves, a bolsa, o casaco, a carteira..
Ai Meu Deus, onde coloquei os óculos????
...e a paciência.

Prestar atenção por onde se anda, pois qualquer queda pode ser fatal a nossa qualidade de vida.
Prestar atenção se desligamos o gás, apagamos a vela, fechamos a porta, fechamos o carro, guardamos o cartão de crédito, se o tiramos da maquininha, se olhamos o total da fatura, pois o prejuízo pode ser imenso.

Prestar atenção ao que lemos, para que não gastemos nosso tempo com bobices, e ler acaba sendo um ritual; onde estão mesmo os óculos???

Não se pode mais comer qualquer coisa; é sabido que o metabolismo muda. E como!!!
 Não não como!
Não posso comer mais de tudo.

É preciso prestar atenção a si mesmo e ao outro.

Às mudanças, e respeitá-las.
O corpo muda, constante e obstinadamente.De um dia pro outro surge uma nova ruga, uma nova dificuldade, dores surgem, pelos migram. a memória trai. 

Ah! Os óculos...

Às esquisitices, e rir delas.

Onde estão os óculos????

Envelhecer não é fácil.
Inevitável, porém trabalhoso.
Não é pra qualquer um, alguns morrem no caminho, então é arriscado.

De repente podemos conquistar algo que sempre desejamos na infância; ficar invisível!
Mas quando queremos experimentar essa invisibilidade... o pé da cama, a escada, o banquinho, o tapete não deixam.

Envelhecer requer saúde; é preciso muita saúde pra lidar com as doenças.

Bom Humor nem se fale!
Se você não aprendeu ainda a rir de si próprio. treine!
Comece já!
Mesmo porque fazemos coisas muito engraçadas mesmo; trocamos nomes, datas, lugares, e se não for engraçado, será constrangedor. Se você não der aquela risadinha lá dentro, vai ficar aborrecido (a), E de aborrecimento em aborrecimento a velhice vai te abandonar, porque chega uma hora que ela vai!

A velhice não tolera os fracos!

Ah! Encontrei os óculos; na geladeira, junto com o telefone sem fio.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Convite ao mau humor

                                   
                                                       




                                          


Acordo, levanto, tomo meu café da manhã, raramente de mau humor.

Saio e já no elevador encontro gente falando mal da vida. Às vezes prefiro as escadas,não encontro ninguém, mas quando encontro algum vizinho colocando o lixo pra fora, ele também coloca seu lixo interior e fala mal da vida, do lixo, da escada...

O porteiro junto com o "Bom Dia!!!" me dá notícias ruins: " A senhora viu isso, viu aquilo, aquilo
outro?"

Sigo incólume a minha aula de Pilates. Maravilhosa! E o que as pessoas fazem, além dos exercícios?

Falam mal da vida; falam de doenças e violências, e sonhos ruins, do clima que está péssimo - qualquer que seja!

Volto, passo pela padaria, pelo açougue, pela costureira, dependendo da necessidade diária e sempre encontro alguém reclamando, me oferecendo um "Mau Dia", disfarçado no cumprimento.

Tento convencer do contrário. Mas quem olha a vida com maus olhos, como me verá?

E assim o dia segue seu curso; o médico, o dentista, a recepcionista falam mal de outros seres humanos, das contingências, do governo (aí até eu meto o pau - ninguém é de ferro!).

Difícil um sorriso.

Não posso ser catalogada como uma Poliana (ainda a leem?) que enxerga tudo através de óculos cor de rosa, mas acredito que ser feliz é exercício diário. Ao tomar meu café da manhã, muitas vezes estou com dores, o sono da noite não foi perfeito, há coisas pra pagarrrrrr. Mas procuro sentir o cheirinho do pão, o aconchego da cozinha limpa, a flor que eu mesma me dei no dia anterior, sentir os grãos do pão.

Converso, apesar do espanto dos meus filhos, comigo mesma, e respondo, e sorrio, e rio.

Vou pra vida com a alegria possível e apesar de toda adversidade, ninguém vai me convencer que a vida é ruim.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Silêncio


Psiuuuuu......

Quero falar do silêncio. Quero quebrar o silêncio que gira em torno do silêncio.
Quero silenciar conceitos, gritar que não quero!
Não, eu não quero gritar mais. Não é mais tempo de excessos.
Desde de Delphos não o é, mas teimamos, desobedecemos o oráculo, as leis, as regras, as normas.
Por que a enfermeira com o dedo indicador atravessa os lábios, e atravessa corredores de hospitais?
Necessário?
Por que o professor precisa pedir silêncio?
Não se está lá para ser ouvido?
Muitos não sabem, e não sabem que não sabem.
Por que o silêncio não pode fazer parte da festa, do dialogo, dos encontros, do namoro, do amor?
Por que não deixamos o silêncio presentificar e o interrompemos com frases tolas;
Nossa! Você viu aquilo?? Será que chove hoje? Quer água? Café? Algo?
Muitos não o suportam.
Por que chegar em casa e expulsá-lo?
Ele que ficou nos aguardando ali solitário o dia todo.
Ligamos a tv, o rádio, o celular, os cambau.
Ligamos qualquer coisa pra não nos ligarmos em nós.
Nossa carência não o suporta e muitos a cultivam.
Quero, como cantou Elis, o silêncio das línguas cansadas.
Muitas vezes acordo no meio da noite, não como Bilac para ouvir e entender estrelas, mas para ouvir o silêncio.
Quero essa magia. Não sempre, mas quero!
Quero mergulhar no silêncio e descobrir minhas verdades.
Quero que ele possa existir em minha vida junto com as conversas animadas, com o choro.com a música, porque como dizia Aldous Huxley; depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexpressível é a música.